Mandinho de Jequitinhonha

A Cidade o Rio e o Vale

Mandinho de Jequitinhonha


Sentado à beira do cais, na sombra do tamarindeiro
Evoco uma infância fugaz, num vale raiz de mineiro
Nascido no serro, seguiu procurando, cruzou o nordeste inteiro
Com nome incerto, em Jequitinhonha, encontrou o amor verdadeiro
Meu rio é da pedra do sapo, segredo e ilha do pão
Cabeça do quebra e cerqueiro, rebojo, da barra e poção
Jequitinhonhense, com orgulho e amor, a cidade me fez doutor
Pós-graduação, em cerrado e caatinga, viajante, pescador
Sou da mata escura, nascentes, sou donde se morre de repente
Sou escaler que é vai apinhado de gente, coração gelado, sol quente
Nove dias, rezei novena, fui rompendo na procissão
Missionário Frei Emiliano Soed, respeito e gratidão
Com os irmãos dividi dicumê na gamela, já esteve vazia a bruaca
Fui menino, malino, sou cria, sou filho da serra das quatro patacas
Ê Jequitinhonha, povo, Jequitinhonha sorriu
Das colonizadas, foi predestinada, a dar nome ao vale, e ao rio
O sol está quente, não há sombra, o tamarindeiro foi cortado, a ignorância não
A praia virou lama, a lama virou grama, a grama virou drama, perdemos nossa cama
Porque tanta resignação, mas ainda há tempo, sem tormento
A esperança insiste, não desiste, persiste, em um novo recomeço, um novo recomeço
Ê Jequitinhonha, povo, Jequitinhonha sorriu
Das colonizadas, foi predestinada, a dar nome ao vale, e ao rio

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