Sentado à beira do cais, na sombra do tamarindeiro Evoco uma infância fugaz, num vale raiz de mineiro Nascido no serro, seguiu procurando, cruzou o nordeste inteiro Com nome incerto, em Jequitinhonha, encontrou o amor verdadeiro Meu rio é da pedra do sapo, segredo e ilha do pão Cabeça do quebra e cerqueiro, rebojo, da barra e poção Jequitinhonhense, com orgulho e amor, a cidade me fez doutor Pós-graduação, em cerrado e caatinga, viajante, pescador Sou da mata escura, nascentes, sou donde se morre de repente Sou escaler que é vai apinhado de gente, coração gelado, sol quente Nove dias, rezei novena, fui rompendo na procissão Missionário Frei Emiliano Soed, respeito e gratidão Com os irmãos dividi dicumê na gamela, já esteve vazia a bruaca Fui menino, malino, sou cria, sou filho da serra das quatro patacas Ê Jequitinhonha, povo, Jequitinhonha sorriu Das colonizadas, foi predestinada, a dar nome ao vale, e ao rio O sol está quente, não há sombra, o tamarindeiro foi cortado, a ignorância não A praia virou lama, a lama virou grama, a grama virou drama, perdemos nossa cama Porque tanta resignação, mas ainda há tempo, sem tormento A esperança insiste, não desiste, persiste, em um novo recomeço, um novo recomeço Ê Jequitinhonha, povo, Jequitinhonha sorriu Das colonizadas, foi predestinada, a dar nome ao vale, e ao rio