Meia noite e algo Acabei de fazer xixi E fiquei parada no meu sangue Eu fiquei menstruada ontem E o sangue se misturou com a minha urina Fiquei parada no meu sangue Como os de tecido Ele dançava e rodopiava com suas partículas vermelhas Um belo veludo rasgado Em frangalhos destruídos Pairando na água Era absurdamente lindo Eu me debrucei no vaso para olhar Meu sangue era delicado e gracioso Uma parte de mim que agora me deixava Produzida pelo meu corpo Mas que seria, em seguida Sugada pela descarga para nunca mais vê-la Era um adeus O adeus cotidiano O morrer diário Eu morri um pouco com aquele sangue Com aquele momento que passou Mas meu sangue é vivo É vida, é morte Era eu Mas podia ser meu filho Podia ser outra vida Mas ainda assim era meu E mesmo no momento de nossa despedida Ele fluía, como se valsasse na porcelana branca Delirei em pensamentos existenciais E me abracei Em qualquer vida e morte Somos nós Eu e meu corpo Eu e meus frutos E como dou frutos E como eles são mágicos