Tem gente que não acredita Em caso de assombração Mas comigo aconteceu Lá pra banda do sertão À noite eu ia pescar Com muita satisfação Na barranca do rio Tigre No Poço do Mangueirão Há muitos anos atrás Diziam no povoado No Poço do Mangueirão Morreu um homem afogado Então ninguém mais pescou No poço mal assombrado Eu falei, não tenho medo Eu vou pescar sossegado Eu falei pra minha mãe Esta noite eu vou pescar No Poço do Mangueirão Até o dia clarear Quero ver se a assombração Tem peito pra me enfrentar Se acaso ela aparecer Na água vou lhe jogar Cheguei na beira do poço Pisando bem devagar A noite estava escura Porque não tinha luar Joguei meu anzol na água E fiquei a esperar Era meia-noite em ponto Começou a trovejar De repente eu senti Na vara um grande puxão Ao tirar o anzol da água Doeu meu coração O meu corpo arrepiou Eu fiquei paralisado Ao ver um grande esqueleto No anzol dependurado Joguei a vara na água E saí na disparada Pois a minha valentia Para mim não valeu nada Levei um susto tremendo Quase que perdi a fala Falo com sinceridade Não abuso mais de nada