João era pobre Mas tinha o sossego e a paz do seu lado Passou sua infância Plantando, colhendo e lidando com gado Ganhou como herança Um pedaço de terra que era dos pais Mas como era jovem Sonhava mais alto em seus ideais João tinha um sonho De ir pra cidade formar-se doutor Na sua inocência Deixou o seu ninho no interior Vendeu o seu sítio Todinho plantado e seus animais Pegou sua mala E disse adeus sem olhar para trás João foi nascido e criado na roça Não tinha maldade Pensava que o mundo era feito de paz Amor e bondade Além do dinheiro Levava esperança na sua bagagem Mas só encontrou O cruel desengano no fim da viagem Chegando à cidade João confiava em maus companheiros E logo adiante Roubaram a mala com todo o dinheiro De um para o outro Passava a mala do pobre João Que desesperado Tentava alcançar o primeiro ladrão E lá na esquina Tomado de ódio, de mágoa e pavor Aquele caipira Tirava a vida de um malfeitor Trancado nas grades Não sabe de onde lhe vem tanto mal E aos olhos do mundo João é apenas mais um marginal E hoje o moço que veio da roça Com tanta esperança Trocou o seu mundo, só fala em maldade Só pensa em vingança E quando recorda seu sítio, seu ninho Só resta chorar Seu sonho morreu E o seu doce passado jamais voltará