A lenda de uma cigana Adormecida ao relento Que perdeu a caravana Por seguir o pensamento Tem dias que anda pairando Nos rumos do mundo Tem dias que anda rolando Nas presas do tempo Diz a lenda que a cigana Pelo caminho onde viera O xaile tinha perdido E um vagabundo o trouxera Sacudindo o pó e as mágoas Como se a cor acordasse Num abraço dançou com ela Antes que o vento a roubasse Só o vento nos roda a saia Só o vento nos faz dançar Nos confunde os passos na areia Muda o rumo às águas do mar No silêncio mal se ouviam Dançar descalços na areia Numa noite quase fria Estava a lua quase cheia E pra rasgarem o escuro Ou fugir à solidão Ataram corpos cansados Na sombra vaga do chão Quando o sol entorna o dia Ficara o xaile esquecido E os passos da cigana Já o vento tinha escondido Ficou só o vagabundo Resgatando uma ilusão Com a alma amordaçada Na palma da mão Só o vento nos roda a saia Só o vento nos faz dançar Nos confunde os passos na areia Muda o rumo às águas do mar.