O verão vem chegando e a cidade fica vazia Se vê bem mesmo que aqui não tem samba todo dia Fevereiro começando, carnaval, cidade fria Senta a bota! Esquenta o coro! Segura essa ritmía! E vem chegando toda a massa O pierrot, a pomba-gira e o patrão compondo a raça Se der treta eu vou no braço, eu cruzo um à cada passo A vaidade é o combustível pra se perder no compasso O povo veio sambar, só pé esquerdo à dançar, foi quando a zica começou Caçando assunto chega junto a autoridade coatora Corre-corre, bafafá, tomo mundo à dispensar, porque a polícia já chegou Só que em terra de Saci, todo chute é voadora De moletom, tomando tubão na praça! – beber e não voltar No largo aqui, quem quica é bala de borracha! – beber e não voltar E a sacizada de cachimbo e carapaça, esqueceram da folia e agora fogem da desgraça, mané E o largo agora volta a ser o que é Democracia do aço, folião da realidade A fantasia é o alvo-móvel pro abuso da autoridade Incoerente e programado pra achar tudo normal Na festa que adentra a noite todo mundo é marginal! Na capital, maluco! Já começou a correria Mudando o ritmo da festa á luz do dia E a marchinha conhecida aqui no sul se muda um pouco Não se pula que nem pipoca, aqui se agacham do pipoco! O momento é propício pra alegria imaginária E o hematoma é o resquício da ilusão igualitária Não há corda que separe o rico do resto do mundo Nunca sentiu gosto de fome apanha junto Muito fardado aqui não presta, trocou o aplauso pelo abuso e vem aqui acabar com a festa E no ímpeto de quem protesta, a batucada pega fogo e assim o carnaval do largo começa De moletom, tomando tubão na praça! – beber e não voltar No largo aqui, quem quica é bala de borracha – beber e não voltar, lalaiá “De tanto obedecer adquirimos reflexos de submissão” Consciência ambiental aqui é não pisar na grama e apesar de quem reclama pode crer que a festa vai continuar Até o bloco da polícia chegar!