Suspira a alma cansada, derradeira Que clama por trégua e sofre em vão Ouça o caos rastejante Que clama além das estrelas Sob o mato da noite Além das esferas do tempo Por entre as brumas da noite Ele ascenderá renascendo Em toda sua força imutável Irrompendo do caos adormecido Trazendo à tona a fraqueza Revelando este estreito caminho Por onde todas as sombras esgueiram-se Murmurando seus mórbidos cânticos Cheios de angústia e dor e lamentos vis Tens nas agruras da vida infindo tormento Pois nas areias do tempo erigiste teu ser Temes da afiada ceifa o gume sangrento E traz estampadas na face tristeza e dor E quando no outono frio sopram os ventos Atrozes lamentos ecoam fugazes ante teu fim Ante teu fim O cálido e doce beijo mortal sufoca a consciência Acordava o fraco e fútil ser a continuar Escondendo-se na escuridão Na ignorância, incapaz de mudar a própria sorte Entrega-se a esta misantropia Eis que se ouve então o último suspiro Que revela o cansaço desta alma tão sofrida Foram tantas ilusões, pecados e mentiras Tantas vezes percebia o que por certo lhe aguardava Então frente a frente com sua verdadeira sina, entrega-se Sem mais lutar