Eu corro Eu ando, eu fujo Na direção do bairro do porto Eu grito e me atiro no vazio Dentro do rio E eu vejo a morena cabocla banhando E uma lua cor de pequi Minha visão se perde nesse mar de sentir E eu me preparo pro dia que vem, que vem Boa esperança me abraça E eu já não fico sem graça Já passou o tempo de chorar e de sofrer Eu durmo, acordo e vivo No centro velho em que a memória passeia Antepassados sussurrando baixinho em meu ouvido Trezentos anos de espreita. E eu sinto meu sangue de índio fervendo Sou xamã, garimpeiro, sou negro Colonizando meu quintal de enorme vazio Eu me preparo pra noite que vem, que vem