Encaixam-se os trilhos Vai ficando cada vez mais veloz Fluxo de domingo Poucos passageiros, poucos ambulantes Rindo ouço uma voz, rindo Um rádio ligado E o meu destino é pra santo andré Pra onde eu não quis mudar Minha mãe e meu irmão moram lá Me criei na estação da luz Difícil de se adaptar Duas horas pra ir e duas horas pra voltar Mas o crack e a prostituição no parque Tem clientela do tobias de aguiar Fizeram uma política pra poder expulsar Traficantes, trombadinhas, travestis da área Pra qualquer outro pico de são paulo vão migrar Pensões, hotéis, cortiços, prédios invadidos Vão sendo substituídos por cultura elitista Julio prestes está sempre prestes a... Mas só presta pra passar um pano Pra não dar na vista O denarc planeja mocozar os mocó Clean up the gueto, ora vejam só Sigo com os olhos, poste após poste Cujo a sequencia não tem fim A real é assim! O que você está vendo ao redor da ferrovia Vagões pichados, fábricas destruídas Escombros são largados em torno Diferentes de todos, gosto do adorno A cracolândia não é a disneylândia O tédio, o ócio virão ódio Junto com pó de vidro, bicabornato de sódio Se esse é seu habitat quando a consciência bate, se sabe “Pula fora antes que a tua depressão estoure a panela” Na rua das noivas, desde bem nova, eu via novela pela janela Dos homens e que chamam outros homens de “ela” Dos que engolem seco e molham com álcool a goela Não tem campo de terra aqui e nem dentro da favela A noite é triller, só olho esbugalhado e banguela A casa vazia servia de vela pra amigas mais velha Que melhor fim foi daquela que teve filho cedo E acabou virando amélia, e para tudo! Que essa eu mando a capela Garotos violentos quando desarmados Sem inimigo visível e claro Ficam tão indefesos como bezerros desmamados Mulecada zuada desde sempre Quem aprende desde cedo que o mundo é ruim Esperança, não pra mim Nunca vou ter o que sou afim Vira inimigo público, merda de escola pública Antes de virem os pêlos púbicos Maninho já desandou! O que você está vendo ao redor da ferrovia Vagões pichados, fábricas destruídas Escombros são largados em torno Diferentes de todos, gosto do adorno