Deixe-me uma saída, uma queda Cicatrizes na pele, lágrimas num lenço Deixe-me uma mentira, uma máscara Uma sombra no sol à luz da lua Deixe-me uma entrada, uma escada Olheiras abaixo do olhar, creme facial Deixe-me então à noite, um livro Um analgésico, uma dor de cotovelo Se a vida for couro e osso Quero modelar minha massa de homem Se explodirem a bola do mundo Leve o carro e dê-me um gole de álcool Se o amor é inoperável Faça-me um raio-x do tórax Se o sangue não coagular Não me ame com lâminas no abraço Deixe-me uma chance, um sonho podre Uma bala forjada de branco, uma pomba preta Deixe-me em paz Guarde-me uma palavra, uma sílaba Conte-me uma história, me fale da vida De som, rock, sexo e até de política Mas não me jogue na cara essa dor fingida Se a vida for couro e osso