Luli e Lucina

Yorimatã Okê Aruê

Luli e Lucina


selvagem o corpo afoga todo o medo 
na primeira lágrima 
água chorada em verde escuro pote 
yorimatã okê aruê 
água chorada por milhões de olhos 
pedaços de solidão 

filha da mata tenho a preparar
yorimatã okê aruê 
abrir caminho fazer bonita a vida 
vida que virá 

penso no escuro, por onde passar? 
yorimatã okê aruê 
a casa teço folhas para abrigar 
o corpo já desfeito de não ser um só 

e faço fogo okê aruê 
ah e espero a aurora 
eu quase dois eu mulher 
ah eu quase árvore, ah eu mulher

sou sentinela sou sentinela, 
sentinela do amanhecer 
sou sentinela do amanhecer 
matã okê aruê yorimatã 
sou sentinela e aguardo em paz 
a primeira lágrima 

estou sozinha estive e estarei, 
estou sozinha estou sozinha 
e vou duplicar, vou multiplicar o corpo 
matã aruê yorimatã aruê yorimatã yorimatã 
okê aruê okê aruê yorimatã yorimatã yorimatã...