Você vai queimar os pés Na terra rachada do sertão Espinhos de lágrimas e cactos São as flores desses vãos Teu solado é água-viva Vidas secas secas são Tua saliva é carvão Os lagartos mostram a língua Da cabra magra sobra o sino O ralo sangue vai à mingua Só promessa e procissão Poeira poeira poeira caatinga Tuas mãos calejadas de fogo Podem tocar o rosto agreste Onde o calango é irmão do homem E a fome é a própria peste Cada rastro cria um mapa O passo que passa é o mesmo que mata Ladainha de lavadeira Não tem poço nem posse Só tem prece