Luiza Boê

Poema Inacabado

Luiza Boê


Acasos tão poéticos
É uma da manhã
Abri um livro que eu nunca terminei

Caiu uma foto sua criança
Nem lembrava que eu guardei
Menino, você é seu próprio rei

Os olhos tão serenos
E o coração revolto
Como pode hoje eu te conhecer tão pouco?

Se algo sobre o seu olhar
Era como voltar
Pra casa

Mas já não somos os mesmos
Sinto que até já morremos
Pra tudo que fomos
E aquilo que nunca conseguimos ser
É como um poema inacabado
Que ninguém nunca vai terminar de escrever

Todas as constelações
Das noites sob o céu
Promessas numa caixa de papel

Eu gostava de acreditar
Ter nas mãos uma certeza
A inocência tem sua frágil beleza

A gente queria fugir do mundo
Ainda não tinha descoberto
Que do mundo dá pra fugir
Mas não dá pra fugir do nosso deserto

E algo sobre te amar
Era como voltar
Pra casa

Mas já não somos os mesmos
Sinto que até já morremos
Pra tudo que fomos

E aquilo que nunca conseguimos ser
É como um poema inacabado
Que ninguém nunca vai terminar de escrever

Já se passaram tantos anos
E a lembrança foi reacesa
Nas gavetas da memória, nossa história
Quem cuida é o tempo
Que conserva esses momentos
Em sua própria beleza

Mas já não somos os mesmos
Sinto que até já morremos
Pra tudo que fomos
E aquilo que nunca conseguimos ser
É como um poema inacabado
Que ninguém nunca vai terminar

Pois já não somos os mesmos
Sinto que até já morremos
Pra tudo que fomos
E aquilo que nunca conseguimos ser
É como um poema inacabado
Que ninguém nunca vai terminar de escrever