O que será que saberemos Se ficarmos atentos aos corpos a esvaziar? O que será que sabíamos? Saltava aos olhos e pedimos pra esperar Hoje já não se sabe Se é o novo ou se não para de piorar Se já não cabe o que temos Sem ti há pausas de menos onde eu possa respirar Se esta angústia ao menos Mudasse o rumo dos ventos que perderam a vontade de soprar Sei que ao olhar de longe Se enxerga as entrelinhas que sequer estavam lá O medo é o colírio inverso Que amarga nos versos de quem está sempre a dois passos de errar Quero o olhar e não a cena, gravado em filme, granulado Quero ao vivo, com cheiro e gosto Quero o olhar e não a cena, gravado em filme, granulado Não me interessa o filtro, o simulado O que será que saberemos Se ficarmos atentos às pausas pra respirar? O que será que sabíamos Sobre a vontade dos ventos que já não sopram mais? O chegar é o que faz dos passos caminhos Antes disso são só pegadas É preciso libertar-se dos liames tribais O suicídio da vontade é a distração