Pedi meu filho pra parar o carro Eu só queria apenas conferir Se pelo tempo já foi destruído Ou conseguiu ainda resistir Aquele cocho velho abandonado Junto ao cerrado que eu ali deixei Beira da estrada onde perdi a conta De quantos anos ali não passei Meu velho cocho de madeira nobre Eu sinto inveja de te ver perfeito Mesmo encoberto um pouco pela terra Nem mesmo ela encontrou um jeito De pelos anos consumir teu cerne Ali deitado não quis sucumbir Já os meus passos são dificultados Preciso apoio para não cair Sei que a riqueza agora nunca pode Comprar minhas horas que eu já perdi Minha juventude se foi e não volta Também os momentos que eu já vivi Parece agora até levar teu peso Me acompanhando enquanto eu existir Dificultando esses meus passos lentos Pelos caminhos que eu ainda seguir Meu velho cocho feito de aroeira Sinto inveja de te ver perfeito O passar dos anos desgastou meu corpo E voltar no tempo já não tem mais jeito O passar dos anos desgastou meu corpo E voltar no tempo já não tem mais jeito