Às vezes em sono profundo A minha mente vagava Ao invés de cimento armado No sertão eu me encontrava Por paragens desconhecidas Com frequência eu andava Cenas hoje esquecidas Talvez em alguma outra vida A minha alma buscava Vejo um velho casarão No fundo a lagoa formosa Assoalho de tábua corrida Acabamento de peroba rosa Na frente uma grande figueira Com sua copada frondosa Vejo um caboclo contente Naquele lugar diferente Imagem pra mim curiosa Num rancho lá do terreiro Toda a tralha guardada Uma espingarda chumbeira Com sua coronha lascada O samburá e as varas Em dois ganchos penduradas Uma pedra fiadeira Facão, enxada e peneira E o couro da onça pintada Ouvi da grande doutrina O ensinamento correto Em algum lugar do passado Deixei algo concreto E nas trilhas já percorridas Caminhos por mim incompletos Os sonhos que não entendia Agora já compreendia São obras do grande arquiteto