Lá por trás das matas num velho ranchinho Morava sozinho o Zé Cantador Que todas as noites na porta sentava E tristonho lembrava a traição de um amor Só sua viola é que consolava O pobre Zé cantava e assim afogava. Sua grande dor A ave noturna nos galhos pousava Em silêncio escutava a viola a tocar Com a natureza até a lua de prata Ouvia a serenata do Zé a cantar A canção chorosa nas matas perdida Lembrando a fingida e sua despedida Pra não mais voltar Mas um dia a viola do Zé emudeceu Seu peito gemeu, nos instantes finais Morreu o coitado cantando pra morte Veja a triste sorte que o destino traz Hoje lá na mata só o ranchinho resta E uma cruz modesta lembrando a seresta Que o Zé não canta mais