Os ventos que ventam soltos Por sobre o Aguapey Reviram águas e areias Tapé de artérias e veias Do universo guaraní E na lonjura estirada Avaretá, tempo imaguaré Pelas ranchadas paisanas Vagam soluços de Ossanas De Angüera e Pai Avaré E anda uma pena antiga Chorando pelos juncais Um pranto sabor a sal Um responso vegetal Que vai rio abaixo nos camalotais Sobe do rio para o céu Um som na voz das cachoeiras E eu, pescador sozinho Me vou silvando baixinho Melodias canoeiras O Sol tropical ardendo Calor de meio-dia, hora dos tejús O vento dorme nas ramas Na costa brilham escamas De piavas e pirajús Sentado só na barranca Enraizado, pensando em ti Eu isco recuerdos suaves Ouvindo o trinar das aves Na beira do Aguapey E me sinto um guayaki Vagando pelos juncais Murmurando uma prece Que, como este canto cresce E vai rio abaixo nos camalotais Sube del río hasta el cielo Un sonido de cascada Y yo, pescador solito Me voy silbando bajito Mientras, bajo la jangada