Havia um mar de olhos postos Num quadro já repetido Que tinha o céu por moldura Num temporal mal contido Os corações apertados Nos peitos nus, reluzentes Uns de morte angustiados Outros sorrindo prudentes Quem chegava era por certo Gente devota e austera Era branca como a cera Que ardia a céu aberto Tinham santos como os meus Feitos de pau e madeira Rezam da mesma maneira A uma cruz que chamam Deus So,os almas descobertas Por quem descobrir é pecado Às vezes trazem-nos setas Mas também nos cantam fado Entre temores e anseios O sangue juntou-se então Naquele Deus eu já creio Eles nos meus ainda não Agora há dois olhos postos Num quadro já consumido O mar guarda o meu recado E o vento, o tempo perdido.