Nana, Rosaura, nos teus braços fofos Condecorados por medalhas roxas O corpo sujo dos campeiros pobres Com mãos de calos a arrenharem as coxas Abre pra eles teu sexo insensível Romã cortada em rubro desbotado Dá-lhes os seios flácidos e brancos E a voz a lhes mentir: meu bem amado Deixa que mordam com seus dentes podres Teus beiços carminados de batom Remexe as nádegas, Rosaura, tu que sabes Vender por pouco o que eles acham bom Suga-lhes, Rosaura, língua e lábios Com sarros de conhaque e colomy Recebe a seiva que lhes desce dos escrotos Para o escuro dos esgotos que há em ti No faz-de-conta deste amor comprado Pelo preço de miséria de alguns cobres Mente o que possas que o mentir conforta O sonho escasso dos campeiros pobres Os que te buscam nos quilombos tristes Te dão em troca o que sonhaste ser Menina e noiva, esposa e companheira Que assim te vêem os que não sabem ver.