Era quase meio dia Mateava em frente ao galpão Contemplando uma amplidão Que estava prestes a ganhar A cuia caiu por terra Quando o corpo esmoreceu E sua alma se desprendeu Pra se tornar parte do ar Morreu sem dizer adeus Aos que ele mais gostava E só o mate que cevava Testemunhou a partida Deixou pra china um ranchito Lá no fundo do potreiro E um boi brazino carreiro Ex parceiro de sua lida Nós vivemos numa estância Onde o Supremo Patrão Governa de outro rincão Com o seu semblante oculto E quando chama um campeiro Pra ser posteiro em outra lida Nos restam as despedidas E pampa inteira de luto Aos lumes do fim do dia Saíram em procissão Murmurando uma oração Pela alma do campeiro Seguiu o caixão fechado No ringir de uma carreta E na frente à batina preta Santificando o terreiro Foram chegando no tranco Do boi brazino carreiro Quando negror estreleiro Já era rei em campo santo Fizeram última prece Logo em frente à capela Lumiada a fogo de vela E fachos de pirilampos O vento soprou mais forte Quando baixaram caixão Que até as folhas no chão Brincavam de carrossel Como é dizer que o gaúcho Já pairava descansando E um novo mate cevando Na estância eterna do céu