Luciano Maia

O Homem Das Tropas

Luciano Maia


É homem de tantas tropas
Que até o tempo enrrugou
Na couraça do arreio
E no carnal dos pelegos
Ressequidos pelo jeito
Dos caminhos que cruzou

No palavrear pouca coisa
Somente os olhos que falam
E perguntam aos descampados
Das tropeadas que tropeou
Pois nunca tangendo tropa
Se soube um boi ficou

Que lindo tempo que era
Nos povoados das campanhas
As moças vinham à janela
Pra mirar a comitiva
E a flor da estirpe gaúcha
De pala a meia costela

Com a cavalhada, um capricho,
De cola e crina, e casqueada
Ponchadas e maneadores
E avios pras chuvaradas
Que se aguenta como pode
Quando o tempo vira em água

E os tordilhos manchados
Se lembra de cada tropa
De São Gabriel a Pelotas
Companheiros de cruzada
Que não refugavam estrada
Do memorial de campeiro

É homem de tantas tropas
Que até o tempo enrrugou
Mas a alma do tropeiro
Conserva o carnal inteiro
Do memorial de tropeiro
Das talhas de um avô

Cookie Consent

This website uses cookies or similar technologies, to enhance your browsing experience and provide personalized recommendations. By continuing to use our website, you agree to our Privacy Policy