Sua pessoa encarnou um Zé Pelintra Deus pintou a preta tinta Neste corpo brasileiro João criança via três moleques guias Protetores da vadia alma desse quizumbeiro Felicidade nunca esteve no seu mapa Se tornou a lei da Lapa Respeitado arruaceiro Bicha malandro, com seu fio de navalha Orixá da sua laia e das moças do puteiro Rabo de arraia, Meia-Lua: Ninguém derruba essa patente! João Satã, senhor das ruas, do balacochê caliente Era Josephine Baker, sem pudor e sem censura Lá na Praça Tiradentes, enfrentava o cana dura Dizia ele que apesar de ser tinhoso No amor tão carinhoso Também tinha mãos de lã Era um deboche para todo desacato Deu-lhe o nome um delegado Salve Madame Satã! Foi valentão e bom de briga O rei da ginga, anjo das rebeliões Este Brasil não pode mais silenciar Quem nasceu para enfrentar O furor das multidões! A sua vida foi um palco de teatro Negro drama do asfalto Flor que ensina a resistir Ó, entidade, de bonecas e mendigos Renegados e vadios, baixe na sapucaí! É a Lins Imperial, é um samba-manifesto! Muito mais que carnaval, arte em forma de protesto! Meu malandro bambamba, preconceito aqui não rola! Não se brinca com Satã! Mojubá a minha escola!