Minha profissão é bóia fria E o meu lazer é sobreviver Ver os canaviais, nascer e morrer Olha que eu perdi meu dedão Vou te contar No aço do facão Quando eu fui trabalhar Na usina do cais Onde o povo pede arrego por sofrer Em cima de um caminhão, antes de o sol nascer Vou rezando a Padim Ciço Acorda irmão! Acabou feijão Meu choro vai lhe lembrar Que as crianças tão com fome e não tem nada para dar Nessa humilhação Heróis do sertão Num mundo escondido da TV Vão escaldando o corpo pelo pouco pra viver Minha profissão é bóia fria E meu lazer é sobreviver