Capitão do mato Sombra da noite Mancomuna e sua Vai desancar Estrepes e açoites Sobre a pele escura Velas ao mar Sangue no chão Rastros de sol Velas ao mar Avante a barca Do Cruzeiro do sul! No navio negreiro Ouço a mão do vento abrindo a vaga Balouçando o tempo na alvorada Os soluços erguem-se na aurora O cheiro da morte impregnara o ar Ao norte está o oeste, ao sul do nada Fezes rolam no frio da jornada Na desolação dessa agonia Ilhas e ilhas e ilhas e ilhas se vão na paragem Quando o marujo desceu do convés No que ele viu não pode acreditar Na capoeira aquela dança Que batucada na palma e nos pés Uma cantiga se fez ecoar A fé no divino pagão Nos malditos do mar renascia a esperança Da gloria dos orixás e da força da canção! Porque o samba de preto vai tocar na viola É som de preto que bate no fundo do negreiro! Chegou! Chegou! Vai ancorar! Avisa lá que vai chegar A embarcação Da escravidão! Leva os escravos pra a Praça da Sé Cerca a polícia Avisa a Tomé Nosso primeiro governador Na bela cidade de São Salvador Chegou! Chegou! Vai ancorar!