Na rede do meu presente Balançando adormeci No velho dorso do tempo Eu voltei onde nasci Na sombra de uma paineira Inocente eu me vi No terreiro da palhoça Ali no ventre da roça Ouvindo o bem-te-vi Eu me vi ali brincando Com carrinho de madeira Sob o grito de mamãe Pra tomar a mamadeira Vi um singelo colibri Beijando a linda roseira Também senti na chegada Do papai pela pancada Lá no peito da porteira Eu vi no alto da serra O lençol da serração Vi mamãe socando arroz Entretida no pilão Ouvi um galo cantar Bem longe no espigão Eu vi o meu pai tocar E uma canção tocar Tocando seu violão Ouvi Deus no infinito Assoprando em meu ouvido Revelando o presente Vi um menino arrependido Por ter saído da roça Pelos sonhos iludido Eu acordei na cidade Longe da felicidade E chorando comovido Eu acordei na cidade Longe da felicidade E chorando comovido