Lili Bélica

Elas Por Elas (part. Turimã Seabra, Pretta, Ariane Varela e Carla de Jesux)

Lili Bélica


(Vai passar mal)

Telefone tocou, é a preta
Troca essa caneta, a tinta acabou
Eu sou a treta
As ideia só iniciou

Nosso bonde tá ligado, fechado, bolado
Quer ficar de meio? Vai vai ficar de lado
Fica de escanteio, o time tá formado
O gol é certeiro, mulheres no anseio
Acertou em cheio, comendo o recheio

Na escola que aprendi não teve nem recreio
Sem receio a reprovação, só de vacilão
Sabe nem viver só se usar meu nome em vão
Logo eu que tenho o mundo na palma da mão
Sua língua precisa só de um caixão, há, só de um caixão

Nasci mulher, pena que não sou puta
Pode me chamar do que quiser, até de puta
Isso não muda a minha conduta
Sai de ré que eu não tô pra disputa

Eu te assustei, não leva nada
Rua que vim, mal assombrada
028 na caminhada, aperta o passo, bem avançada
Como flip caso de sobra, volta pro YouTube e aprende a manobra
Eu sou a rua e a rua cobra

Cheia de cobra, cheia de cobra
Cheia de cobra, cheia de cobra
Cheia de cobra, cheia de cobra

Fui convocada, cheguei inspirada
Com as rima sempre calibrada
O boicote passou e as dona formou
Agora é nossa vez de botar o terror

Sou rn, sou a rua, invadindo o seu cenário
Tô tomando de assalto conquistando o meu espaço
Sem baixar guarda pra macho, mando esse flow pesado
Recheado de ideias pra deixar teu bico calado

Aqui também é correria e não alivia
Sou periferia, não aturo covardia
Essa luta tem que ser por todos
E não só flanelinha

Sou zona leste, ligada nos verme
Tô pelo rap e não pelos crash
Vendo essa trilha que empolga os moleque
Se liga seus cabra que o som é das peste
Há, o som é das peste

Já contei até dez, antes clonaram o que sinto
Não passou coronéis
Tomar assinando papéis
Desçam até o chão e beijem nossos pés

Mesmo que muitos nos xinguem de putas
Infiéis, senhora dos anéis
Rompendo a aliança, rasgando os véis
Avisando desses befes

Nossos bordéis têm crime
Nossos bordéis têm creme
Uns gemem de prazer ou dor e ranger de dente
Lembra nós do rn, epidemiando gene
Lembre bem dessas palavras quando cruzarem o rn

Eu vim preparada fazer rap da quebrada
Junto com a mulherada
Sigo em frente, não perco a batalha
É desse jeito, vamos prosseguir

Queremos respeitos a todas as mcs
Que a paz inunde o meu dom de cantar
Eu vim pra brilhar e esse povinho não me atrasar
Aqui é nordeste, rap potiguar

Esse é o meu lar, onde tem coisas boas e coisas ruins
Infelizmente é assim, mas enfim
Eu vou seguindo o meu caminho, onde uso o rap pra evoluir
Que a tristeza não faça morada, a felicidade venha pra ficar

Eu tô pelo rap e nessa luta vou continuar
É assim que tem que ser, fazendo por merecer
Nós mulheres nascendo e fazendo acontecer
Fazendo acontecer

É foda fazer a sucção da alma na mira da alma párea
De querer mandar em terreiro que não é teu
Eu até curto tu por cima, só na cama e não na vida
O foda é que nem assim você me surpreendeu

E eu que sou mulher formada, tranquila, em tudo opaca
Procuro me apoiar sempre em mim
Da forma que me conheço, tanto tempo me conheço
Isso nem é inovador pra mim

E nada nunca veio fácil pra nós
Deve ser por isso que eu gosto de ser difícil
Minha mãe dizia, Deus te abençoe
Mas faz tempo que eu não sei mais o que é isso

Nada nunca veio fácil pra nós
Deve ser por isso que eu gosto de ser difícil
De onde eu venho é cada um por si
Se tu não passar dos quinze
Ossos do oficio, é vai, ossos do oficio
Ossos do oficio, ossos do oficio

Bota continência que a chefe chegou
Botando terror em sua consciência
Sua sabotagem não adiantou
E com muito amor somos a resistência

(Vai passar mal)

Bota continência que a chefe chegou
Botando terror em sua consciência
Sua sabotagem não adiantou
E com muito amor somos a resistência

(Vai passar mal)