Leôncio Severo

Luz de Outono

Leôncio Severo


O tranco largo
Do mourito quero-quero,
Vem compassando
A voz da espora e do cincerro ...
Rastro batido
Do rebanho rumo à aguada
Mostra a cruzada
Da sanguita do potreiro !

Enxergo ao longe
O vulto do meu ranchito,
Quadro bonito 
Emponchado de santa fé ...
O mouro pampa 
Mata a sede num remanso
A'donde a sanga
Guarda a flor do aguapé !

Na grama verde 
Vejo um vestido de chita,
Ao sol de maio
Estendido no quarador...
Direito ao rancho
Minha alma ganha asas
Prá estar nas casa
Junto à luz do meu amor !

Ao mate bueno
Que sorvido, traz-me o beijo
Por este outono,
Banco o mouro na ramada ...
E um cinamomo
Chora o tempo desta ausência ,
Que se termina 
Junto à copa amarelada !

Por isso a cada outono
Meu regresso,
Confesso
Tem mais brilho na chegada ...
Talvez porque as folhas 
Que dormitam
Reflitam
A luz do sol da minha amada!