Leôncio e Leonel

Vida de Sertanejo

Leôncio e Leonel


Quando chega mês de agosto
O sertanejo com gosto
Aprepara o seu machado
A foice bem afiada
Ele sai de madrugada
Nesse dia orvalhado

O Sol é bom pra queimá
Ele tem que aproveitá
Pra fazer o seu roçado
Esse grande brasileiro
Que trabalha o ano inteiro
Pra depois vê o resultado

Ele entra com corage
Vai roçando a ramage
Naquele ermo de chão
Depois vem a derrubada
E logo vem a queimada
Ele aproveita o verão

Depois de tudo no jeito
Vem a chuva satisfeito
Ele faz a plantação
Às vezes passando fome
Mas mostra que ele é home
Criado lá no sertão

E quem nasceu na cidade
Não pense que a falsidade
Hoje eu falo com franqueza
Eu fui nascido na roça
Criado numa palhoça
Sei contá o que é tristeza

Tanto trabalho que faço
Às vez o destino traça
Todos os már da natureza
Depois da planta formada
Vem a chuva ou a geada
Fica tudo na pobreza

O sertanejo coitado
Que luta desesperado
Como quem luta com a morte
Ele espera o novo ano
Com corage trabalhando
Não desanima e é forte

Se o tempo corre direito
Ele fala satisfeito
Este ano eu estou com sorte
Pega o filho e a mulher
Vai agradecer com fé
Na Aparecida do Norte