Cururu Comprei um burrão ligeiro das orelhas entesouradas Pra ser o meu companheiro no transporte de boiada Um areio cutiano, um par de espora prateada Um laço de doze tentos No meu burrão corta vento não deixou boi de arribada Lá nos campos de Goiás já fui peão afamado No manejo do cipó também fui respeitado Pra negociar uma boiada eu sempre fui procurado Em toda compra que eu faço Eu assino rei do laço assim fui apelidado. Certa vez no porto quinze um gado estava embarcando Escapou um pantaneiro do casco firme e leviano Joguei meu burrão em cima meu laço saiu girando Lacei o boi de pealo Meu burro afirmou o estalo, trouxe o bicho arrastando. Viajo de norte e sul deste meu Brasil adorado Passo o mês atravessando por fronteira de estado Deixando em toda cidade um coração magoado Mas o que eu penso primeiro Que vai ser bom boiadeiro nunca pode ser casado.