Léo Pinheiro

Depois de Mudo

Léo Pinheiro


Após Calípso o que virá no bojo da viola?
Após Calipso o que consola o oco do tambor que chora?

Que venha o beleguendengue  dançando o merengue
Ronca o som da pororoca das mandas do norte
Vem o som do mamulengo meu xodó meu dengo
O som do toque tengulengo que não teve sorte

Após Calipso, quem cantará a língua lá do céu da boca?
Após Calipso, a ginga da cabocla, o pé no tombado da toca

A senha é o som desse batuque batendo no muque
Se secou água da fonte vai beber no mangue
A senha é o som desse repente no ranger dos dentes
Ao longe escuta o som latente o novo Big bang

Depois de mudo, o que será do som daqui que a gente toca?
O choro e o riso de quem me provoca?
O doce amargo a dor maior que se suporta?
E o nome do Deus que me abrirá a porta?