Vejo meu trabalho Tão suado, nunca me dediquei tanto Paro, questiono: Meu esforço é sincero ou um engano? Fico preocupado com minha casa, meu sustento, Meu salário Perco referência Para onde, para quem que eu trabalho? Se me preocupo só com os frutos Que talvez eu colherei Não perceberei o meu caminho E todo amor eu desperdiçarei Olho pro soldado lá na rua, instruído à violência Lembro do soldado de mim mesmo que me Prende a consciência Olho para os outros e me vejo Egoísta pra caralho Faço o que quero ou só sigo a cartilha de otário? Se me preocupo só com os frutos Que talvez eu colherei Não perceberei o meu caminho E todo amor eu desperdiçarei Meu soldado precisa sossegar Pra que eu possa no presente repousar Se o presente se alimenta de um futuro vão Toda a minha existência cai na ilusão "assim, terminei como Os outros da orla de gentes Naquilo a que comumente se chama: A decadência. A decadência é a perda total Da inconsciência. Mas a inconsciência é o fundamento da vida. O coração se pudesse pensar Pararia"