Olhando as aves perdidas O Homem sabe a sentença E sente a dor incontida De não ser tudo que pensa O homem fica pequeno Enquanto as aves se vão E ensaia voos terrenos Nos céus da própria ilusão O vento sopra nas casas O mar inquieta a maré A vida enfim cria asas E o chão nos foge dos pés A liberdade revive Refaz os rumos a sós E encontra um Ícaro livre Em cada voo de nós Mas quando o sonho sonhavam Com juventude fortuna Os meus cabelos voavam Tendo o negror da graúna O tempo abranda os cabelos Em cada vento que passa E hoje me faz entendê-los Na branca paz de uma garça Minha esperança se solta E quando morre no fim Tal fosse fênix volta Das próprias cinzas Empluma os olhos tristonhos Que se despedem com calma Cortando nuvens de sonhos E abrindo as asas da alma