Não esqueço de uma história que meu avô me contava Uma vez, tarde da noite, vovó chorando acordava Sentindo dores do parto do filho que esperava Tinha que buscar carteira que noutro sítio morava E pra pegar seu cavalo onde a tropa passava Chamou o filho mais velho Que depois chegou tão sério com destreza lhe ajudava A lua estava bem clara, banhava tudo de prata Clareava o corguinho que descia na cascata Os cavalos dispararam, só se ouviam o som das patas O tordilho era o melhor daquela tropa, era a nata O ajudante muito esperto naquela beira de mata Num canto de cerca velha, antes de chegar na serra laçou bem e na hora exata Deixando o filho pra trás na sua casa chegou Foi arriar o seu cavalo, que susto que ele levou Seu filho estava dormindo, seu corpo já arrepiou Pensando desesperado que foi que lhe ajudou Vendo a esposa sofrendo, depressa galopou Chegou logo com a parteira Vieram numa carreira, mãe e filho ela salvou Deu tudo certo então isso era no outro dia Procurava explicação já mais calmo refletia Quem será que fez parar seu cavalo que corria Pensava que era o filho, mas na cama ele dormia Um anjo salvou o outro, a parteira assim dizia Graças chegamos em tempo, um atraso por exemplo, a mãe e filho morriam Quem vive junto de Deus saída sempre encontra No finalzinho do túnel uma luz pra ele aponta No causo do meu avô que na minha mente consta Se tem coisas de outro mundo, não sei nada nem sou contra Deus sempre faz o melhor surpresas da vida pronta Meu avô não é mais vivo Mas hoje entra no livro história que o povo conta