No sul de Minas Gerais Fui buscar uma boiada Sol quente do mês de agosto Eu cortava aquela estrada Meu berrante repicava De quebrada em quebrada Chegando em Ouro Fino Aonde eu fiz a pousada No outro dia bem cedo A viagem eu fui seguindo Cortando aquele estradão Eu encontrei um menino Que correu abrir a porteira E pra mim falou sorrindo Boiadeiro feliz viagem No estradão de Ouro Fino Pediu pra tocar o berrante Repiquei na mesma hora Escutei ele dizendo Volte logo sem demora Peço a Deus que lhe acompanhe E a Virgem Nossa Senhora Parti tocando o berrante Praquele sertão afora Minha última viagem Que eu fiz praqueles lados Vi a porteira fechada E uma cruz ali fincada Vi uma velha chorando Com seu vestido enlutado Me disse que um pantaneiro Matou seu filho adorado Toda a minha alegria Se acabou naquele instante O menino da porteira Não esqueço seu semblante Não voltei praqueles lados Mas a saudade é bastante Pras bandas de Ouro Fino Nunca mais toquei berrante