Vejo tuas ruas, cinzas Teus farrapos e esquinas Vejo tuas ruínas De um ônibus qualquer Muitos passam ao lado Neste porto desbotado Eu viajo na saudade Costurando canções Sigo neste banco O coração aos solavancos Pois já é quase dezembro E quase nada melhorou Sinto a sua falta Já vai longe a esperança Que de tanto esperar Desesperou e voou Coração, coração, coração tão distraído Na cidade dos sonhos de metal, granito e vidro Coração, coração, coração tão distraído Ninguém te avisou que seria assim Desço deste banco Vou andando pelo flanco Da colina de concreto Rumo à usina de gás Chuto uma tampinha O cachorro é meu amigo E me sinto quase antigo Nesta tarde de calor Vou em linha reta Pelas ruas de um poeta Que deixou os seus sapatos Floridos aqui Coração, coração, coração tão distraído Na cidade dos sonhos de metal, granito e vidro Coração, coração, coração tão distraído Ninguém te avisou que seria assim