P’ra gente ser cantador Tem que sofrer mãe Pois o poeta é aquele Que se perdeu Na ilusão de viver Mas é tão bom mãe Ver as estrelas como irmãs E ser feliz Só porque o Sol é lindo Subvertendo os corações Com luz e calor Então sonhei que era maçã Crescendo verde no pomar Matava a minha sede Quando a chuva dava de descer ali Enquanto a fome é normal E lei dinheiro Eu é que não vou Rebentar minha voz Noutro canto de paz Por isso eu choro E o meu poema é o meu silêncio E nada mais Num parto inexplicável Deus é filho dos homens Foi aqui nesse chão Onde a realidade atroz Vencia a imaginação Eu só queria ter O verbo exato O canto exato P’ra tirar do peito toda a dor