Kayke Mello

Cordeona

Kayke Mello


Minha cordeona genuína
Cada botão  um segredo 
No campo deste teu fole
Reponto amores, recuerdos
E sempre busco tua sanga
Pra matá a sede dos dedos!

No fole desta cordeona
Um manancial cancioneiro
Ecoa o rincho d’um potro
O berro dalgum terneiro
E um grito antigo de forma
Terrunha voz do potreiro

Uma querência de antanho
Com cismas de redomona
Se aquerenciou nesta gaita
Com todo jeito de dona
E o Rio Grande é mais gaúcho
No fole desta cordeona!

No fole desta cordeona
Varzedo e rancho barreado
O mesmo barro das tropas
Que outrora foi pisado
E um rangido de carreta
Deixando o pago riscado

Minha cordeona genuína
Exala a maula fragrância
Dalgum arreio suado
Que vem sovando a distância
O fole desta cordeona
É a voz rural das estâncias!