As alpargatas do meu pai eram sinuelo E eu seguia sua sina empoeirada Os passos mansos frente a um mundo de atropelo Enchendo os dias de caminhos e pegadas As alpargatas do meu pai eram futuro Pra quem aos poucos aprendia a caminhar Alma incansada pelos passos tão seguros Sonhos de infância e um destino por trilhar " Passou o tempo foi a vida e seus pedaços Os passos mansos hoje teimam em falhar No rosto moço um semblante de cansaço E algum palheiro fumaceando pelo ar Ainda encontro num olhar pleno de estradas A mesma força quem me faz sonhar demais E uma criança vem brincar na minha alma Seguindo firme as alpargatas do seu pai. " As alpargatas do meu pai eram de corda Mas pareciam ser tecidas de amplidão Tantas histórias de petíços e pandorgas Tantas lembranças que somei no coração Hoje percebo que bem mais que as alpargatas Eram seus passos que eu seguia por ai E até imagino o meu pai de pés descalços Traçando os rumos pra os meus sonhos de guri