Vestiu a coroa do mestre, entrou na sala inerte Brincou de falso moralismo e deu de cara com o analfabetismo Com a porta trancada e as mãos trançadas pela algema de um sistema Rebateu seu sonho em brasa e no porto com os olhos brancos de cara com a cena Parece que tava sozinha saindo de manhã no cais Na ponta sentei, os remos peguei quando fui remar o corpo caiu pra trás Se o tempo fechar e não abrir mais quem é o comandante que perde o aval São vidas que vão navegando esperando meu barco pra estender as mãos Decisão, profissão, condição pra diploma Estradas lotadas nenhuma carona, estendo minha lona Saco meu pandeiro e se a aula é na rua ela tem mais tempero Eu não vou esperar por vocês (não), terceira geração freguês (não) Saí na rua e minha voz sai muda a ouvidoria tá surda Arregacei minha peita, cheguei sem ceita, sensei sedenta, acenei atenta A educação liberta te dá medo a matilha desperta Mas já tô dentro da sua escola, rasgando o seu plano de aula E seu livro de história e sua dedicatória tiozão Já acendi minha fogueira no umbral Aula de herança ancestral Sangue vermelho povo atemporal Desprogramação cerebral Você já olhou com a intenção de enxergar? São crianças, anjos vivos, nossa herança Inventivos, liderança, sucessivos Se apoiados, combativos, registro se faz nos livros Seu telhado irmão são moléculas, nunca foi teto de vidro Parece que tava sozinha saindo de manhã no cais Na ponta sentei, os remos peguei quando fui remar o corpo caiu pra trás