Kah Hum Kah

Alunissado

Kah Hum Kah


tranco-me num quarto minguante
alegre mas com lágrimas nos olhos 
dou-lhe de presente um piolho 
e a memória de meu corpo ausente 
há festa, minha festa no escuro 
nenhuma fresta de luz no muro 
lá fora é meia noite 
por dentro sou noite inteira 
aplico-me um belo açoite
estou nua, estou cheia  (é lua) 
nenhuma visão de presente 
profeta do passado, eu juro 
tranco-me num quarto crescente 
proveta do futuro e duro 
jogo o terço do quarto no quintal 
faço dessa alma um quartel 
saio fora do real 
e rasgo seus escudos de papel 
pois é chegada a hora de pular da alcova 
da cova e sapatear no campo minado 
munido de vida nova 
lá fora é meia noite 
por dentro sou noite inteira 
aplico-me um belo açoite 
estou nua, estou cheia