Jussara Silveira

Beijo Alentejano

Jussara Silveira


Dizem que no alentejo
Tudo é feito devagar
E assim que termina a sesta
Só se pensa em descansar
E a gente não entende
A razão de tanta pressa
Se depois de cada noite
Há um dia que começa

Um beijo no alentejo
É dado devagarinho
Que a gente sabe que um beijo
É muito mais que um carinho.
Por isso é que quem cá vem
Tem pena de não ficar
Ao ver o gosto que tem
Um beijo dado devagar

Quando uma estrada começa
Os homens pensam assim
Vá devagar ou depressa
Cada dia tem seu fim
E quando as mulheres mondam
Olhando mais para além
Às vezes, perdem os olhos
Na pressa que o amor tem

Um beijo no alentejo
Não foge a água da fonte
O sol demora a nascer
E até a erva do monte
Leva o seu tempo a crescer
Quem vier, venha com calma
Porque olhando a nossa gente
Só lhe pode ver a alma
Quem não olha de repente