Acostumei de verdade, viver longe da cidade Hoje moro no sertão Acordo de manhã cedo e vou sem pressa, sem medo Me banhar no ribeirão Bebo água cristalina que desce lá da colina Dando vida ao lugar Tá no território meu, presente que Deus me deu E não sei como pagar Depois que ordenho a vaquinha, trato dos porco e galinha E com a terra vou mexer Cuido bem da plantação, do milho, arroz e feijão Meu sustento pra viver Terminado meu serviço, o meu maior compromisso É pescar lá na lagoa O poço já tá cevado,encho o puçá de pescado Limpo e entrego pra patroa Somente vou à cidade, suprir a necessidade Nas coisas da caboclinha Comprar um novo vestido que ela tem me pedido E chupeta pro caçulinha Lá na praça eu paro pouco, pois começo a ficar louco De saudade da palhoça A cidade me dá medo, o agito começa cedo É diferente da roça Uma correria de gente, é só carro em nossa frente Barulho sem ter quantia Pouco verde, muito prédio,isso pra mim, virou tédio Um inferno, todo dia No sertão, tudo é tranqüilo, barulho lá?... só de grilo E o ronco da cachoeira Sertão é tranqüilidade e voltar lá pra cidade Não faço essa besteira.