É só eu ficar nervoso, que o sangue esquenta no ato Por isso eu vivo sozinho, minha casa é lá no mato Não gosto de olhar no espelho, nem mesmo no meu retrato Mas sou um caboclo esperto, muito mais do que um gato O que aconteceu comigo, pra vocês então, relato Me deixaram amarrado, cinco dias, sem comer Lá no meio da floresta, coisa triste de se ver Às vezes, imaginava: o que vai acontecer? Mas foi numa noite escura, que começou a chover Um raio caiu na árvore e a corda veio a romper Briguei com um bando de homens, sozinho e desarmado Dei pernada e pescoção, deixei todos eles deitado Quando a polícia chegou, eu já tinha me mandado Recolheram paus e facas, um saco ficou lotado Depois chamaram a ambulância, ficaram um mês internado Eu já peguei um leão pelo rabo e ele não escapou Dei um nó na cascavel, que ainda não se soltou No elefante, dei um tapa, coitado cambaleou Piquei uma onça de faca, nem o couro aproveitou Na girafa, dei um chute, que na cabeça acertou Já montei cavalo xucro e jamais caí no chão Mergulhei em mar aberto, ao lado de tubarão Gosto de fazer carinho nas costas do escorpião No ar, brinco com abelhas, com aranha, brinco no chão Meu nome é Pedro Perigo, deve ter uma razão.