Eu vivo aqui diferente distante da minha roça Eu me lembro com saudade de minha velha roça Do paiol e a velha tuia, feita de madeira grossa Do barracão que eu guardava, os apetrechos Que usava, arado, canga e carroça Ali tinha quase tudo, do que a gente precisava Juntos de bois de primeira, que a gente mesmo domava Umas vaquinhas no pasto um queijo bom não faltava Nunca faltava serviço, e o melhor de tudo isso A fome lá não chegava Embora o cabo da enxada, fazia calo nas mão Era bem recompensado, porque não faltava o pão Molhar a pestana cedo, pra gente era diversão Quando o galo cantava, da cama a gente pulava Pra cuidar da obrigação Lindas águas cristalinas, lá no riacho abundante Pura, limpinha e sadia, sem larvas contaminante Gelada por natureza pra saúde era bastante Quando a chuva faltava, sem cano a gente irrigava O arrozal na vazante Mais tudo aqui na cidade tem seu devido valor Não é por eu ser caipira, que eu vou ter tudo inferior Encontrei gente decente, que me acolheu com amor Em parte aqui sou feliz, embora a minha raiz É fincada no interior