Julio Saldanha

Meu Abrigo de Emoção

Julio Saldanha


Já nem sei onde anda minha morada
Naquela estrada com certeza não tá mais
Devaneio essa distância, essa lonjura
Tanta amargura o meu rancho se desfaz

Eram varandas onde mateava esse peão
Recordação dessa morada companheira
O chão marcado de resplendor matutino
Em meu anseio tá gravada a dor matreira

Tempo bandido que leva tudo pra longe
Aquilo tudo junto a mim não mais surgiu
Queria ao menos ter um pedaço da querência
E que ausência voltasse pra onde partiu

Quando me lembro das noites estreladas
Como estrelas, meus olhos brilham de saudade
A poeira cobriu com o saco o velho rancho
E o coração terá pra sempre a eternidade

Porque partistes numa tarde calorosa
Eras o Sol que me aquecia o coração
Eras o ser que me abrigava do infinito
Ser tão bonito, minha sede de emoção

Como é saudoso não ter o que se quer bem
Eu é que sei o quanto dói a solidão
Me bastaria tê-lo de volta ao meu lado
És tão amado, velho rancho coração