Brinco de passar o tempo de uma maneira lenta Tudo no mundo é movimento Até a fome que no fundo me alimenta Sei que a vida é uma guerra, mas não precisa ser sangrenta Vejo a pá que me enterra, cobrindo-me de terra barrenta A morte que me espera é lenta Tenho alucinações insensatas, vasculho a origem do universo Sei que na terra existe prata, mas o que existirá no meu verso? Uma mensagem decifrada ou um sentido submerso? E quando encontro ele me escapa e quando escapa não é mais verso Sou um jogo de palavras que se perdem no concreto Sei que a vida é exata, é exatamente o que eu penso Que não se mata com uma faca, talvez com cheiro de incenso A minha carne é tão fraca... Silêncio Brinco de passar o tempo de uma maneira lenta Tudo no mundo é movimento Até a fome que no fundo me alimenta Aonde vai aquela vaca que pasta displicentemente? Ela não percebe que a vida é babaca? Como as pessoas, nem sente Muito burra aquela vaca que pasta displicentemente O meu coração extravasa toda alegria que não sente Como as pessoas que se julgam felizes em suas casas dementes O meu coração extravasa uma vaca, displicentemente Da vida só necessito saber onde esconderam a poesia Pois não consigo ver onde caberia no meu ser Aquela vaca que pasta displicentemente Brinco de passar o tempo de uma maneira lenta Tudo no mundo é movimento Até a fome que no fundo me alimenta