Quando o pé acerta o rumo, A estrada se orienta, Cada passo que se inventa, Pisa o chão e toma prumo. Cada fruta tem seu sumo, Cada hora, o seu momento, Cada folha tem seu vento, Quando a areia se levanta, A imensidão é tanta, Que arrebenta o pensamento… Longe, nuvens tão imensas, Deslizando, carregadas, Como ondas disparadas, São tão leves e tão densas. São embarcações intensas, São cargueiros libertados, São navios naufragados, São veleiros, são escunas, Navegando pelas dunas Desses olhos marejados… Já o mar tem duas rotas, Quando é dia e tudo brilha, A correnteza é uma trilha, No traçado das ilhotas, Voam mais que gaivotas, No desejo, que é tão grande, Não há cria que desande, Tudo é vasto, tudo é certo, Nesse carnaval deserto, Onde a alma se expande… Mas, se é noite, o mar serena, E adormece pensativo, Sem anseio e sem motivo, Sua mansidão é plena, Mesmo a estrela tão pequena Deve ter alguém que aponte, Mesmo que a manhã desponte É tão doce a maresia, Toda linha se desfia, Menos essa do horizonte.