Olha só que sem vergonha Essa tal de previdência Eu passei a existência Sol e chuva no batente Não dão nem bola pra gente Mandei tudo a la cria Querem dez anos de bloco Trabalhei sem garantia Moro na costa do mirim Sempre tive uma rocinha Criava porco e galinha Também fazia meus “brique” No meu rancho pau-a-pique Tirava leite de vaca Garantia minhas “pataca” E a vida tava nos trinque Depois de tanto carpir roça Decidi me aposentar Ajuntei a papelama O “NS” fui consultar Querem duas testemunhas E talão de produtor Na lida sou professor Mas não vai adiantar Não precisa de perícia Olhe meus “dedo” esbodegado Minhas “mão” tão puro calo De carpir e lidar com o gado Já criei meus quatro “fio” Nunca deixei faltar nada Falta é consideração Da corja desaforada Olhe bem pr’este cavaco Que já está nos sessenta A carcaça esgualepada Volta e meia se rebenta Já pendurei as “galocha” A enxada e o machado Ando todo entrevado Deste jeito ninguém güenta Eu não sei mais o que faço Com esses tipo abusado O processo foi negado Pediram pra eu ter paciência Vou tomar uma providência Criem vergonha na cara Porque eu vou baixar a taquara Nessa tal de previdência